sexta-feira, 15 de maio de 2009

Ciência e Religião: Uma história

Olá pessoal! Bem, como vou para um congresso amanhã e só volto semana que vem, resolvi postar algo enquanto faço as malas. E, como estou sem tempo, resolvi publicar um texto que escrevi para o Jornal da Bio ano passado. É uma historinha inventada que disserta sobre a relação homem (desde os seus primórdios) - religião - ciência. Apesar de ter cerca de 1 ano, minha opinião já mudou um pouco, mas resolvi manter o texto original. Espero que vcs gostem! Grande abraço e até a próxima =)

Convido você, leitor, à imaginação. Feche os olhos e imagine o tempo regredindo milhares e milhares de anos. Estamos no período dos “homens das cavernas”. Abrindo os olhos, observa-se por toda a volta florestas, rios e montanhas. Estamos num mundo natural, selvagem. Agora, imagine-se como um humano destes tempos. Por todas as direções, reina o desconhecido. Sons estranhos vindos de moitas próximas, gritos indecifráveis de pássaros e uma estranha esfera amarela no firmamento. Todos estes fenômenos desconhecidos causam, primeiramente, um único sentimento: o temor.


Viver é sofrer. Diariamente, busca-se alimento por todos os locais possíveis e nem sempre se consegue encontrá-los. O medo ronda cada mata fechada, cada fundo de lago, cada caverna escura. Vive-se a todo o momento o risco de morte, seja por doenças, fome, animais selvagens ou acidentes neste hostil ambiente. Observa-se que, às vezes, pode-se enxergar a grandes distâncias, quando aquela estranha esfera amarela reina no céu. Às vezes não se enxerga nem um palmo a frente, quando ergue-se do horizonte outra esfera, branca, acompanhada de inúmeros pontos brilhantes. Outras vezes, água cai do céu com grandes estrondos e assustadoras luzes, que iluminam o invisível da noite por poucos segundos e ateiam fogo onde tocam. A fome ronda a todo instante o grupo de homens em busca da sobrevivência. Em resumo, o mundo é temido, doloroso e amedrontador.


Devido a estas dificuldades, buscava-se interpretar estes diferentes fenômenos na tentativa de amenizar todo o sofrimento vivido. Então, surge a explicação mais plausível para o inexplicável (e temido): a ação de seres superiores, os Deuses. Surgem, então, as primeiras religiões politeístas. Isso ocorre, pois o homem primitivo teme o desconhecido, e esse medo o impossibilita avaliar criticamente o fenômeno natural. Além disso, devido à tamanha hostilidade do ambiente e toda a dificuldade de sobrevivência, havia a necessidade de personificar estes fenômenos de forma a, posteriormente, poder alterá-los. Com isso, cria-se o Deus do Sol, da Lua, da Água, do Fogo etc. O homem, então, poderia pedir aos Deuses piedade e amenização de seu sofrimento através dos rituais, nos quais se oferecia aos Deuses determinadas oferendas em troca de sua piedade e garantia de um futuro melhor. Entretanto, conforme o tempo foi passando e o homem foi, aos poucos, domando a Natureza, o medo foi substituído pela curiosidade e pela observação crítica dos fatos. Poderia ter sido observado que, em dias muito quentes, as poças de água que ocorriam no chão desapareciam; e que, em, logo depois, a água retornava ao solo através da chuva. Será que há alguma relação entre estes acontecimentos? Será mesmo que tudo não passa de vontade divina? Nasce então, a Ciência.


A Ciência surge posteriormente à religião, quando o homem já dominava, de alguma forma, a Natureza. Ela nasce da ruptura com a idéia de que a vontade Divina é a causa de todos os acontecimentos e passa a questionar se não haveriam outros fatores envolvidos. Então, foi se observando que aqueles fenômenos antes tidos como sobrenaturais ou atribuídos aos Deuses poderiam ser, de alguma forma, explicados e até testados.


Essa substituição da crença ou fé pela prova, pela experimentação, fez com que aqueles diversos Deuses fossem sendo esquecidos. Então, surgem as religiões monoteístas. E em que elas se baseiam?


Estas religiões se baseiam na existência de um único Deus para todas as coisas, mas talvez duas em especial: a vida e a morte. Estes dois grandes mistérios ainda não foram (e talvez nunca sejam) desvendados pela Ciência. Existe vida após a morte? Para onde vamos depois do fim? Enquanto isso, acredita-se na morte como sendo vontade Divina, ou ainda como sendo a punição por erros de nossos antepassados Adão e Eva (seria a maçã o símbolo do conhecimento?).


É importante ressaltar que tanto a Ciência quanto a Religião possuem papéis fundamentais no desenvolvimento da humanidade e que elas não devem ser excludentes. A primeira se baseia na comprovação e a segunda na fé, porém uma não é superior a outra; são apenas maneiras diferentes de interpretar o mundo ao nosso redor e de tentar explicar o desconhecido, na tentativa de amenizar o sofrimento humano; portanto, ambas devem ser consideradas e respeitadas.


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